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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

UMA DAQUELAS HISTÓRIAS DOS TEMPOS DE JK.

PORQUE NÃO FUI??????

(Como disse o poeta: "tenho vergonha de ser honesto" eu também digo: valeu a pena ser honesta?)

Jandyra Adami.

Como todos sabem, passei a mocidade envolvida com desfiles,representando minha cidade e as cidades onde morei.

Era uma Top Model dos Anos 60, os ANOS DOURADOS.

Em todos os lugares que eu morava o pessoal da cidade, os visitantes,me achavam linda, maravilhosa. Jamais acreditei e não me achava, porque tinha espelho em casa e nunca me deixei levar por palavras de amigos que,carinhosamente me elevavam à um pedestal que não merecia. Tinha sim, um corpo bem feito e, por esta razão participava de desfiles, na maioria beneficentes, em todo sul de Minas.

Em 1958 participei de um desfile em Lambari e ganhei o título de EMBAIXATRIZ DO TURISMO devendo ir representar a cidade num evento em Poços de Caldas, em outubro do mesmo ano. Lá estariam 63 moças dos Estados de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. Ficamos hospedadas num hotel de luxo e tivemos todas as regalias que hoje vemos com as misses pela tv. Consegui ficar entre as 10 finalistas, o que me causou surpresa, pois eram lindas demais para ficarem de fora. No momento em que eu desfilava, um Deputado presente ao júri, pegou o microfone e brincou: "Lambari??Esta moça é um peixão". Isto depois de ser convidada a entrar na passarela, chamada por MISS LAMBARI.

No ano seguinte,o Presidente Juscelino foi a Cambuquira, numa festa a ele dedicada e os anfitriões convidaram todas as misses da redondeza para dançar a valsa com o nosso PÉ DE VALSA, tão adorado por mim. Fiquei entusiasmada com a possibilidade de conhecer o meu ídolo, o meu sonho, o maior brasileiro que eu achava, mesmo antes de construir Brasília. Estava demalas prontas para tal festa e, na última hora desisti.Minha mãe, que adorava festa, insistiu comigo para que fossemos mas eu decidi não ir. Tinha medo de que Juscelino me apertasse em seus braços ou simplesmente apertasse minhas mãos. Se todo mundo me achava bonita, ele deveria achar também eficar interessado. Eu tinha uma pintinha acima dos lábios que me dava um"it" especial. (Como da Marisa, da mini série, interpretada pela Letícia Sabatela)...

Resisti a todos os desejos e não fui. Perdi a grande chance de ter em meus braços ou estar nos braços do homem mais amado por todos os brasileiros, naquela época. Meu medo, minha honestidade excessiva, me tirou este prazer e hoje me arrependo tremendamente por não ter ido ao baile. Que eu perdesse a idolatria que tinha por ele mas, talvez hoje,estivesse na mini série como uma possível "namorada" de J.K. ainda viva, com os repórteres em minha porta a fazer perguntas. Digo namorada porque sei que, nada mais poderia ser em vista da criação que tive, aquele ranço que veio de nossos avós, da mulher perfeita, digna, honesta. (Também porque minha mãe, minha eterna companheira, sempre ao meu lado, não permitiria, mesmo que eu tivesse um ataque de loucura, ela estaria por perto me amparando e colocando as coisas nos devidos lugares.) Que deveria se guardar para o marido, primeiro e único, senhor de todos os poderes sobre o corpo infantil daquela quase mulher... Deveria ter ido, sentir todas as emoções que as misses sentiram,as que compareceram. Valsar com JK, conversar com ele, como sempre fiz com outras personalidades que conheci, como Tancredo Neves, outro ídolo que permanecerá em meu coração até que parta desta vida.

Outro dia, vendo Letícia Sabatela, timidamente chegar até JK e entregar um bouquet de flores, eu me senti a própria. Eu viajei no tempo e compareci ao baile de Cambuquira. Era ali, daquele jeito que eu dancei com Juscelino, olhando olhos nos olhos, tendo sua mão entre as minhas, seu sorriso de encontro ao meu.

De que valeu minha honestidade? Meu medo que ele me apertasse? De que valeu o que não fiz e fiquei levando a vida sem ter o que recordar agora?Nenhum amigo ou conhecido fez ou sentiu qualquer coisa com este meu ato de PUREZA... Ninguém notou que me castrei naquele dia e hoje amargo a desilusão de não ter ido àquele baile. Ninguém pagou minha comida, ninguém me deu roupas para vestir. Tudo que tive e tenho devo ao meu trabalho e a ajuda de Deus.

Somente Ele poderá dar o valor ao meu ato, somente Ele vai reconhecer,um dia, que minha honestidade valeu a pena, seguindo Seus Mandamentos. Mas isto, só quando eu já tiver atravessado os PORTÕES DOURADOS e ninguém mais se lembrar de mim como pessoa.

Mas hoje... como me arrependo de ter sido honesta, meu Deus....

*Publicado com autorização da autora: Jandyra Adami-
Publicado originalmente no site "efeitos especiais.net" em 09- fevereiro de 2006

http://www.efeitosespeciais.net/tagboard/tagboard.cgi?user=1184076989

Obs.: A foto acima é de Jandyra Adami, turista em Cambuquira nos fins da década de 50 e 60.
Autor da foto: José Silva (na época fotógrafo)


Esta foto, conforme nos informou a autora,foi tirada pelo fotógrafo Zeca ( que acredito ser José Silva) que se colocou ao seu lado, mas um namorado ciumento recortou a foto e o retirou.


Mais textos da autora: (acesse clicando o link)
Fez Você: http://www.aguiareal.com.br/a_jan_deus/fezvoce.htm
Assustada:http://www.aguiareal.com.br/a_jan_gazela/assustada.htm
Solidão: http://www.aguiareal.com.br/a_jandira_so/solidao.htm

curiosidades: Fotos da Brasilia de JK (clique aqui)

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