
Na cidade a família cresceu e depois se espalhou por esse mundo.
Por aqui ficaram Nádia, que reside em Cambuquira e Helinho, professor universitário em Varginha.
Os Möller e seu estabelecimento em Cambuquira.

Por ironia do destino, ou vítimas de algum brincalhão no Rio de Janeiro, pegaram o trem errado e foram para cidade de Santa Catarina, atual Natércia. Que susto!...
“Her Möller”, ainda não familiarizado com a língua, e cansado de tantos dias de mar e terra resolveu se instalar naquele lugarejo.E, ficaram por lá durante alguns anos. Alias, por bom tempo, já que por lá nasceram quase todos os filhos, a não ser Fred que nasceu em Careaçu.

Em Natércia * (Santa Catarina) nasceram os seus filhos: Oscar, Edith, Margarida e Clara.
Certa vez, depois de algum tempo, ao viajar de trem, já conhecendo o idioma do lugar, conheceu o Sr. Egídio Marçano que os convidou para se mudarem para Cambuquira, cidade que oferecia oportunidades com o seu turismo e progresso crescente.
Joana deve ter gostado da idéia, pois logo estariam na cidade. Primeiramente, os Möller precariamente deu início ao negócio. Mais tarde, Sr. Gaspar adquiriu uma nova propriedade, antes pertencente aos Kalil, família de Sírios-Libaneses já residentes em Cambuquira, montando aí uma nova padaria que denominou “A Padaria do Alemão”. Depois de muito trabalho e dedicação aquele lugar se transformou numa das mais requintadas confeitarias da região, “A Predileta”, nova denominação dada ao estabelecimento na época da Segunda Guerra Mundial. Aliás, esse não foi o único caso, pois outros patrícios seus foram obrigados a também mudar o nome de seus estabelecimentos devido ao preconceito que se formava contra tudo aquilo que fosse ligado à Alemanha.
Era chique tomar o café especial acompanhado de quitutes diversos, o pãozinho quente, ou os doces diversos como o “doce do coco queimado com mel”. Talvez, de vez em quando, para satisfazer algum turista germânico devia fazer a “apfelstrudel”, deliciosa torta de maçã com canela.
Mais tarde a família adquiriu um terreno à rua Charles Berthaud, e lá construíram num estilo parecido com as casas da sua terra uma nova moradia. Ao lado o casal Wald (Willy e Madame Wera (ele natural de Danzig e ela de Frankfurt) , e outra família alemã, em frente, também tiveram ali suas casas.
Gaspar não assistiu o progresso do bairro que só veio a se desenvolver na década de 60 com a construção de várias casas de turistas, inclusive a de outros alemães, como Gustav Siebert, Hanna e Rudolf Wild, Willi e Wera Wald, entre outros.
Ouvir alguém falar alemão por ali era muito comum. Eu, quando menino até arriscava um "guten tagen".

Comenta-se na cidade que Fred Möller, o filho mais velho do casal, conhecera aquela que viria a ser sua esposa num circo que visitara a cidade.Assim, a gaúcha e trapezista Júlia Schumann se tornou a mãe de seus filhos. Dizem que por isso, o circo acabou. Não foi verdade, como nos informou sua filha Vanessa! Aquela casa de espetáculo ambulante só teve o seu fim depois da alguns anos do falecimento do patriarca Maurício Emilio Schumann.
Margarida Möller, filha, uniu-se ao cambuquirense Hélio Lemes Costa, filho de Norinha e José Marciano da Costa, representantes de duas famílias mais antigas da cidade, os Lemes e os Costa. Margarida e Hélio assumiram mais tarde a confeitaria até a década de 90, quando o negócio foi passado para terceiros.
Contam que Fred foi o idealizador do Café Cambuquira,cuja torrefação funcionava ao lado da padaria, e que na embalagem continha até instruções em alemão, produto esse pioneiro no tipo de embalagem na região.
Na foto abaixo e em branco e preto, Gaspar Möller(centro) com seus filhos Fred (à direita) e Oscar(à frente) e demais funcionários do estabelecimento. Se observar com atenção, poderá observar a expressão “Padaria do Alemão” estampada nos jalecos.

Nota:
*Em 1953 a Câmara Municipal de Santa Catarina, pela maioria de seus membros, houve por bem trocar o nome para Natércia que é um anagrama de Caterina, baseando-se nos versos de Camões, o grande gênio, o pai da Língua Portuguesa. O nome foi trocado para Natércia, em virtude do extravio de Correspondência para o Estado de Santa Catarina, o que trazia grande transtorno à população local.Hoje Natércia já tem sua bandeira, que foi idealizada pelo Monsenhor José Lefort, da Diocese de Campanha.
UMA HISTÓRIA DE AMOR.

“__Respeitável público, senhores e senhoras o circo chegou!...” Gritava o palhaço, na frente de um cortejo de artistas composto de diversos artistas.Lá no meio deles, um grupo de jovens artistas se destacavam. Para Fred, um dos jovens que assistiam aquele desfile, aquele foi o dia em que uma jovem contorcionista, ainda sem saber, dera o início da mudança de sua vida.
Provavelmente,na estréia do espetáculo, enquanto os olhos miravam as trapezistas, ou as brincadeiras do palhaço, o filho de Gaspar Moller ansioso esperava o número da contorcionista. Nem ele sabia ainda que sua vida, a partir dali não seria a mesma. Só queria uma oportunidade de conhecê-la melhor. .

tornara “o point”, o fato esperado aconteceu. Os dois trocaram olhares e depois não deu para resistir.Fred Moller, apaixonado, nem percebeu que o tempo passava e que um dia o circo iria embora. E, esse dia aconteceu!
O coração falou mais alto e, não pensou muito e, talvez contra a vontade dos pais, principalmente da mãe Joana que não devia achar muita graça naquela aventura, ele partiu atrás do circo. Aliás, partiu em busca daquela bela e amável contorcionista.
Aquele rapaz pacato, filho de um dono de padaria nas Minas Gerais, depois de idas e vindas atrás do “circo” acabou por se casar com Júlia na cidade de Vassouras naquele primeiro dia do ano de 1946.
Esse acontecimento não foi o evento final daquele circo, o que se pensava na cidade. Mas, o espetáculo continuou por alguns anos, conforme nos informou Vanessa, uma das filhas de Fred e Júlia. E, mesmo com o falecimento do patriarca,Maurício Emílio Schumann, o dono do circo e patriarca da família, os parentes ainda levaram o espetáculo por muitos lugares distribuindo alegrias por onde passava.
Quando finalmente as lonas foram arreadas para sempre, Dona Júlia Tereza,a avó, e alguns dos filhos ainda trabalharam em outros circos para depois firmar residência na localidade de Tribobó, São Gonçalo-RJ.
Hary Schumann, um dos cunhados de Fred, ainda trabalhou com o Palhaço Carequinha, quando executava o papel de “homem-rã”. Hary faleceu no ano passado (2006).
Julia e Fred tiveram 7 filhos, todos vivos ainda hoje, eu e Karen (Niterói/RJ), Ilse (Lavras/MG) Clayton e Naylor (São Gonçalo/RJ), Anderson (Nova Friburgo/RJ) e Glacy (Rio de Janeiro/RJ.

No grupo de artistas acima:Alberto, Conchita,Alfonso,Ena, Julia quando ainda estavam no trem. Sr. e sua esposa Joana K. embarcaram na Alemanha rumo ao Brasil, especificamente para o Estado de Santa Catarina, onde existiam muitos patrícios. montaram uma pequena padaria lá pelos lados da Estação Ferroviária, onde Vera) donos da loja mais , Hary e Lily.
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