Vamos lutar pela volta do trem?

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"Não se apaga a história. Muito menos os documentos históricos, que nada mais são do que os registros dos fatos que ocorreram no passado. Quer eles sejam agradáveis ou desagradáveis." juíza de Direito Hertha Helena Rollemberg Padilha

quarta-feira, 28 de maio de 2008

MIGUEL COUTO E SEU PARECER SOBRE NOSSAS ÁGUAS.(1916)


Miguel Couto: “Resumo o meu parecer sobre Cambuquira, dizendo: admirável clima e excelentes águas; clima sempre ameno e seco. Águas bem captadas, distribuídas em magnífico estabelecimento e de indiscutível efeito em certas doenças do aparelho digestivo e urinário.” Assim, Dr, Miguel Couto (Médico e professor universitário do Rio de Janeiro)definiu bem nossas águas e nossa estância em 1916.Conforme cita o livro Memórias, Dr. Miguel Couto, provavelmente em 1906, salvo engano do autor, fez uma estação em Cambuquira par se restabelecer de grave enfermidade que o acometera no Rio de Janeiro, e quando logrou o seu intento.As palavras de elogia, no breve comentário acima, ele deu com base na sua experiência como médico, ou até mesmo paciente, que se socorreu dos benefícios de nossas águas para a cura do mal que o atingiu

terça-feira, 27 de maio de 2008

RAFAEL LERO, COM O SEU AMOR AO ESPORTE E À CAMBUQUIRA.

As novas gerações não tiveram o prazer de viver essa época, quando Cambuquira tinha as Olimpíadas de Inverno. Esse evento esportivo aconteceu por muitos anos e foi uma das mais importantes iniciativas que nossa cidade assistiu durante a década de 60 e parte de 70.
Esse senhor da foto ao lado era o principal mentor do esporte em nossa terra. E, sem ganhar nada com isso, apenas a satisfação de incentivar o esporte entre os jovens cambuquirenses.
Rafael Lero entrega a Roberval Barros Santos um troféu, acompanhado de Vera Bacha, na época diretora do Ginásio Estadual Clóvis Salgado.
Salvo engano, este, que aproveita o pequeno espaço no canto da objetiva, era Hércules (ou Lobo), atrás, Telequete, e duas jovens são Imaculada Camarini e Ângela Noronha.




Essas fotos foram tiradas do Orkut de Gisele Messias, cópias do acervo do E.E.Clovis Salgado,tiradas nos bons anos 60/70, um espaço da vida de cada um de nós que não volta mais.


Quando morava em São Paulo, encontrei certa vez Rafael Lero na Av.São João.
Adivinhem o que ele fazia ali!... Olhava vitrines de uma loja de esportes e com certeza planejava adquirir algum produto para levar para Cambuquira.Conversei com ele que naquele momento elogiou a minha iniciativa de partir para aquela metrópole em busca de oportunidade já que nossa cidade já estava naqueles tempos a caminho da estagnação, numa decadência desenfreada que não dava chances nem de se poder sonhar.
Abaixo: Roberval Barros, Marcos Teleketi, Hercules e Ângela Noronha.
Essa é dos tempos do Ginásio Clóvis Salgado.

ELES ERAM FELIZES E NÃO SABIAM:
Esta foi tirada na escada da piscina do clube em 1965.Da esquerda para direita.em cima: Moisés, João, Wilson (filho do Nelsinho barbeiro),Márcio (popota),Jorge (filho do Arnaldo do bar), Almir.
em baixo: Israel,Nelson (filho do Nelsinho barbeiro),Jaci,Hercules e Vicente (mala véia). (Fotos enviadas por Hércules Vinicius Maia)
Gilberto Lemes - Adm.blogs

FORMANDOS DO GINÁSIO ANOS 60/70



Estes são os alunos do Ginásio Estadual Clóvis Salgado (década de 60/70).




Você está nesta foto?

Bons tempos aqueles! Alguns eu pude identificar. Outros, o tempo provocou algumas mudanças.
Cada um se tornou protagonista da sua própria história, outros já viraram personagens pois já se foram.

Mas, se você prestar atenção, verá entre eles: Ruy,Aloísio do Prado, Altamiro, Alvaro, Jorge Kennedy,Xaveco, Roberval, Telequete, Solange, Suzie, , Geninha, Virginia, Fátima Mendes, Tiburcia (Imaculada). Douglas, Doriléia (não nessa ordem). E, quem se lembrar dos outros nomes que me envie um e-mail.

A SAGA DA FAMILIA MÖLLER DE CAMBUQUIRA.

Estes são Joana Möller, avó alemã com os seus netos.Conta sua neta Nádia, que Joana,sua avó, e Gaspar, seu avô, foram convencidos por Egídio Marçano, pai de Domingos Marçano achou interessante a idéia e na cidade montou uma das mais famosas confeitarias da região, A Predileta, que existe até hoje depois de passar pela administração de Hélio Lemes Costa, marido da filha Margarida, mãe de nossa informante.

Na cidade a família cresceu e depois se espalhou por esse mundo.

Por aqui ficaram Nádia, que reside em Cambuquira e Helinho, professor universitário em Varginha.



Os Möller e seu estabelecimento em Cambuquira.



Conta-se que Gaspar MöllerMöller

Por ironia do destino, ou vítimas de algum brincalhão no Rio de Janeiro, pegaram o trem errado e foram para cidade de Santa Catarina, atual Natércia. Que susto!...

“Her Möller”, ainda não familiarizado com a língua, e cansado de tantos dias de mar e terra resolveu se instalar naquele lugarejo.E, ficaram por lá durante alguns anos. Alias, por bom tempo, já que por lá nasceram quase todos os filhos, a não ser Fred que nasceu em Careaçu.
Gaspar Möller, conforme informação de um dos seus ex-empregados, vítima de um problema cardíaco ou talvez hipertensão, foi obrigado a se mudar para o Rio de Janeiro. A sua querida Cambuquira à quase 1.000 metros de altitude já não lhe fazia bem. Mas, obedecendo talvez sua última vontade, quando faleceu voltou.
Em Natércia * (Santa Catarina) nasceram os seus filhos: Oscar, Edith, Margarida e Clara.
Certa vez, depois de algum tempo, ao viajar de trem, já conhecendo o idioma do lugar, conheceu o Sr. Egídio Marçano que os convidou para se mudarem para Cambuquira, cidade que oferecia oportunidades com o seu turismo e progresso crescente.
Joana deve ter gostado da idéia, pois logo estariam na cidade. Primeiramente, os Möller precariamente deu início ao negócio. Mais tarde, Sr. Gaspar adquiriu uma nova propriedade, antes pertencente aos Kalil, família de Sírios-Libaneses já residentes em Cambuquira, montando aí uma nova padaria que denominou “A Padaria do Alemão”. Depois de muito trabalho e dedicação aquele lugar se transformou numa das mais requintadas confeitarias da região, “A Predileta”, nova denominação dada ao estabelecimento na época da Segunda Guerra Mundial. Aliás, esse não foi o único caso, pois outros patrícios seus foram obrigados a também mudar o nome de seus estabelecimentos devido ao preconceito que se formava contra tudo aquilo que fosse ligado à Alemanha.
Era chique tomar o café especial acompanhado de quitutes diversos, o pãozinho quente, ou os doces diversos como o “doce do coco queimado com mel”. Talvez, de vez em quando, para satisfazer algum turista germânico devia fazer a “apfelstrudel”, deliciosa torta de maçã com canela.
Mais tarde a família adquiriu um terreno à rua Charles Berthaud, e lá construíram num estilo parecido com as casas da sua terra uma nova moradia. Ao lado o casal Wald (Willy e Madame Wera (ele natural de Danzig e ela de Frankfurt) , e outra família alemã, em frente, também tiveram ali suas casas.

Gaspar não assistiu o progresso do bairro que só veio a se desenvolver na década de 60 com a construção de várias casas de turistas, inclusive a de outros alemães, como Gustav Siebert, Hanna e Rudolf Wild, Willi e Wera Wald, entre outros.
Ouvir alguém falar alemão por ali era muito comum. Eu, quando menino até arriscava um "guten tagen".
Na foto ao lado, Joana cuida de menino da Família Köhler, cuja mãe estava doente na época. Da para ver o carinho de mãe e avó que ela dispensava ao menino que mais tarde foi levado pelo pai para Alemanha.
Comenta-se na cidade que Fred Möller, o filho mais velho do casal, conhecera aquela que viria a ser sua esposa num circo que visitara a cidade.Assim, a gaúcha e trapezista Júlia Schumann se tornou a mãe de seus filhos. Dizem que por isso, o circo acabou. Não foi verdade, como nos informou sua filha Vanessa! Aquela casa de espetáculo ambulante só teve o seu fim depois da alguns anos do falecimento do patriarca Maurício Emilio Schumann.
Margarida Möller, filha, uniu-se ao cambuquirense Hélio Lemes Costa, filho de Norinha e José Marciano da Costa, representantes de duas famílias mais antigas da cidade, os Lemes e os Costa. Margarida e Hélio assumiram mais tarde a confeitaria até a década de 90, quando o negócio foi passado para terceiros.
Contam que Fred foi o idealizador do Café Cambuquira,cuja torrefação funcionava ao lado da padaria, e que na embalagem continha até instruções em alemão, produto esse pioneiro no tipo de embalagem na região.
Na foto abaixo e em branco e preto, Gaspar Möller(centro) com seus filhos Fred (à direita) e Oscar(à frente) e demais funcionários do estabelecimento. Se observar com atenção, poderá observar a expressão “Padaria do Alemão” estampada nos jalecos.

Os de pé da esquerda pra direita:Dionisio, José Soares, Fred Moller, Domingos, Orlando Fonseca, João ;os que estao abaixados esquerda p direita:Julinho, Sebastião Custódio (, Joaquim Carvalho,Vadinho(irmão do Julinho) - Foto de 1958 Enviada por Valéria Custódio Pierrotti.

Nota:

*Em 1953 a Câmara Municipal de Santa Catarina, pela maioria de seus membros, houve por bem trocar o nome para Natércia que é um anagrama de Caterina, baseando-se nos versos de Camões, o grande gênio, o pai da Língua Portuguesa. O nome foi trocado para Natércia, em virtude do extravio de Correspondência para o Estado de Santa Catarina, o que trazia grande transtorno à população local.Hoje Natércia já tem sua bandeira, que foi idealizada pelo Monsenhor José Lefort, da Diocese de Campanha.

UMA HISTÓRIA DE AMOR.

Chegou o circo na cidade. Era o que se ouvia por todos os cantos.

“__Respeitável público, senhores e senhoras o circo chegou!...” Gritava o palhaço, na frente de um cortejo de artistas composto de diversos artistas.Lá no meio deles, um grupo de jovens artistas se destacavam. Para Fred, um dos jovens que assistiam aquele desfile, aquele foi o dia em que uma jovem contorcionista, ainda sem saber, dera o início da mudança de sua vida.

Provavelmente,na estréia do espetáculo, enquanto os olhos miravam as trapezistas, ou as brincadeiras do palhaço, o filho de Gaspar Moller ansioso esperava o número da contorcionista. Nem ele sabia ainda que sua vida, a partir dali não seria a mesma. Só queria uma oportunidade de conhecê-la melhor. . E, como a cidade era pequena, e o estabelecimento da família já se

tornara “o point”, o fato esperado aconteceu. Os dois trocaram olhares e depois não deu para resistir.Fred Moller, apaixonado, nem percebeu que o tempo passava e que um dia o circo iria embora. E, esse dia aconteceu!

O coração falou mais alto e, não pensou muito e, talvez contra a vontade dos pais, principalmente da mãe Joana que não devia achar muita graça naquela aventura, ele partiu atrás do circo. Aliás, partiu em busca daquela bela e amável contorcionista.
Aquele rapaz pacato, filho de um dono de padaria nas Minas Gerais, depois de idas e vindas atrás do “circo” acabou por se casar com Júlia na cidade de Vassouras naquele primeiro dia do ano de 1946.
Esse acontecimento não foi o evento final daquele circo, o que se pensava na cidade. Mas, o espetáculo continuou por alguns anos, conforme nos informou Vanessa, uma das filhas de Fred e Júlia. E, mesmo com o falecimento do patriarca,Maurício Emílio Schumann, o dono do circo e patriarca da família, os parentes ainda levaram o espetáculo por muitos lugares distribuindo alegrias por onde passava.
Quando finalmente as lonas foram arreadas para sempre, Dona Júlia Tereza,a avó, e alguns dos filhos ainda trabalharam em outros circos para depois firmar residência na localidade de Tribobó, São Gonçalo-RJ.
Hary Schumann, um dos cunhados de Fred, ainda trabalhou com o Palhaço Carequinha, quando executava o papel de “homem-rã”. Hary faleceu no ano passado (2006).
Julia e Fred tiveram 7 filhos, todos vivos ainda hoje, eu e Karen (Niterói/RJ), Ilse (Lavras/MG) Clayton e Naylor (São Gonçalo/RJ), Anderson (Nova Friburgo/RJ) e Glacy (Rio de Janeiro/RJ.

"O Circo Schumann em Lambari".


No grupo de artistas acima:Alberto, Conchita,Alfonso,Ena, Julia
quando ainda estavam no trem. Sr. e sua esposa Joana K. embarcaram na Alemanha rumo ao Brasil, especificamente para o Estado de Santa Catarina, onde existiam muitos patrícios. montaram uma pequena padaria lá pelos lados da Estação Ferroviária, onde Vera) donos da loja mais , Hary e Lily.





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Curiosidade: mais detalhes sobre a Segunda Guerra Mundial



HISTÓRIAS DAS REVOLUÇÕES DE 30 E 32 EM CAMBUQUIRA

Num dia daqueles do ano de 1930, Estêvão Horácio do Prado chega a sua casa e ordena que todos saiam da cidade para se abrigar na zona rural.As tropas do exército brasileiro já chegavam à cidade. Seu "Cassmiro" já tinha sido avisado de que o seu engenho serviria de abrigo para as famílias que não tinhm parentes na roça. E, para lá se encminharam várias pessoas que residiam na cidade.
D. Mariinha do Prado, sua esposa, juntou toda crinçada, agasalhos, colchões e alimentos e rumaram pela estrada até aquele lugar.
Quem viveu na época ainda se lembra da preocupação de Seu "Antônio da Erva", um velho curandeiro do Bairro da Lavra, pediu que a esposa que soltasse sua "cabritinha" de estimação para que não morresse de fome. Não se sabe se a tal cabra sobreviveu ou se virou petisco para os recrutas.
Se Estêvão e outros chefes de família continuariam na cidade para guardar o patrimônio público e particular, eram os "bate-paus", encarregados de informar os comandantes da tropa de qualquer movimento ou pessoa estranha no local.
Os hotéis e o grupo escolar foram transformados em quartéis e alojamentos de soldados.Nesses lugares eram feitas as refeições, eram dadas as instruções para os soldados antes que partissem no trem rumo à região de Passa Quatro, onde as tropas paulistas ameaçavam invadir o Estado de Minas Gerais. Lá também já havia um grande contigente de soldados, entre ele um jovem médico que viria mais tarde se tornar Presidente da Republica, JUSCELINO KUBITSCHEK.(O primeiro da foto da esquerda para direita abaixo)
Juscelino Serviu no hospital improvisado naquela cidade para atender os feridos nos combates..

Cartaz paulista, que nos moldes do apelo do Tio Sam. O que foi a Revolução Constitucionalista?
A Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução de 32 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido no Brasil entre Julho e Outubro de 1932 visando à derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e à instituição de um regime constitucional após a supressão da Constituição de 1891 pela Revolução de 1930.

Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas.

Enquanto isso, Benedito Augusto Ribeiro,KTT, um jovem cambuquirense que tinha ido para São Paulo em busca de novas oportunidades que a sua terra não oferecia, havia se alistado no exército paulista, talvez não por algum sentimento de simpatia aos revoltosos daquele Estado, mas porque não havia outra ocupação já que as fábricas, comércio e outras atividades estavam paralisadas

Paulistas guardavam a saída do túnel em Cruzeiro.
Muitos brasileiros morreram nessa guerra que para uns foi injusta mas que mudou os rumos da história do Brasil.

As tropas paulistas chegaram até Campanha, onde "declaram-na como parte do Estado de S.Paulo" (veja mais sobre esse item até então desconhecido da maioria. Continue lendo essa parte da história (clique!)


O que foi a revolução constitucionalista de 1932?
Movimento pela promulgação de uma constituição em São Paulo levou a uma das maiores lutas armadas internas no Brasil. Continue lendo... (clique!)

A ORIGEM DA IGREJINHA DA LAVRA.

Quando se começa pesquisar a história descobrimos a injustiças do passado.


O Bairro da Lavra, em Cambuquira, como a cidade, tem os seus fatos e personagens históricas que a ingratidão do povo, ou dos políticos, deixou de lado. Talvez, por ser aquela localidade o local de moradia dos “operários,” gente humilde. Mas, esses humildes também têm história. E, uma das mais belas histórias, exemplo de coletividade e movimento comunitário da cidade aconteceu ali.
Sr Venâncio, “que até agora é essa a única referência”,e sua esposa “Dona Mariquinha” foram exemplos de pessoas boas desprendidas de qualquer sentimento de egoísmo, apesar de ter sido comerciantes.
O casal foi responsável pela construção da Igreja do Rosário que todos conhecíamos como “a igrejinha da Lavra”. E, se aquela casa de orações está de pé e imponente lá no alto do morro, tudo isso se deve a esse casal hoje desconhecido.
Contam que no dia em que as tropas da revolução de 30 entrariam na cidade, seu Venâncio recolheu todo faturamento e levou num saco junto com a multidão rumo o engenho dos Cassimiros, onde grande parte da população se refugiou. O casal, como não tinha filhos, economizou um pouquinho a cada dia que passava para formar uma “poupança” para deixar para os afilhados, já que não tinham ascendentes e nem descendentes.
Quando faleceu D. Mariquinha, a alguns anos depois do marido, um testamento ditou todos os procedimentos de divisão do que restou do espólio.
Vários cidadãos do bairro, ainda vivos, talvez nem se recordem mais que estavam no rol de beneficiários.
O bairro e a cidade devem, por compromisso moral, resgatar essa história verídica, os nomes verdadeiros desses vultos históricos e registrar para que a posteridade se recorde desses bons cambuquirenses do passado.

A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CHÁCARA DAS ROSAS.

O texto abaixo narrado por Manoel Brandão, um eterno apaixonado por Cambuquira, conta um pouco da história da casa da foto, e como prometia o projeto de Rodolpho Lahmeyer, e como foi triste o fim do empreendimento que determinaria o caminho do progresso que hoje todos almejamos.
A narrativa é capaz de nos levar àquele tempo e assistir o quanto foi triste para o idealizador e o quanto danoso foi o epílogo da história que nos afeta até hoje.

Não sobrou nada, e nos dias de hoje só resta a cerejeira solitária(se que ela ainda existe agora!) na alameda que leva o nome do antigo proprietário que leva às instalações do SUS e à casa destelhada à mercê do tempo, sem que isso comova ninguém.

A história da Granja Maroim de Rodolpho Lahmeyer.

Completava a Vila das Rosas o conjunto da Granja Maroim, propriedade na qual empregava o Dr.Rodolpho Lahmeyer elevada soma de energias e capitais, onde possuía um posto de criação de gado da raça Jersey, que se destinava ao suprimento da leiteria que pretendia estabelecer para exploração completa do leite e seus derivados.

Nas pocilgas de criação, estabelecidas na zona do Marimbeiro, onde se estendiam em longos corpos de edifícios, de uma extensão de 200 metros, possuía o Dr.Lahmeyer porcos da raça Duroc-Jersey, cujo número de exemplares puro sangue, em pouco tempo se elevava a mais de um milheiro.

Contígua ao estábulo, a fábrica de banha e subprodutos do porco, com as instalações necessárias a tal industria entre as quais frigoríficos, câmara de defumação para “bacons”, presuntos, salsichas, etc. E a fábrica de latas para acondicionamento dos produtos.

Pois bem: - O Governo do estado então não soube concorrer, em mínima parcela, a estimular o esforço desse homem que, se bem que trabalhando em um industria da qual visava os naturais interesses, contribuía para o incremento de uma das forças econômicas do Estado.

Como dissemos atrás, em um dos momentos difíceis que atravessava o país, à míngua de alimentação para fornecer aos animais que com rara tenacidade conseguiria elevar o algarismos acima de um milheiro, recorreu o Dr. Lahmeyer à importação de milho do Rio do Prata. O navio que o transportava foi requisitado nas águas da Guanabara pela Comissão de abastecimento do Rio de Janeiro , e o Governo do Estado, em conjunção com o da República, então dirigido por um mineiro, abandonou o industrial à sua própria sorte, nenhuma providência havendo sido tomada em defesa de uma riqueza que já se não podia apontar como particular.
E esse milheiro de reprodutores, de puro sangue, fruto de longos anos de esforços e trabalho, teve de ser dispersado para fornecimento a açougues ao invés de servir à reprodução, que constituía o seu objetivo.

A Granja Maroim entrou a deperecer, pelo desânimo e desilusão de seu proprietário, até ser adquirida, por preço irrisório pelo próprio Governo do Estado, para nela estabelecer um posto de monta-, que resultou, até à presente data, em expoente negativo.

Tornada autônoma a vida municipal, pela nova Constituição da República, de 1946, constituindo a Vila das Rosas próprio estadual, recaiu no domínio deste, localizando-se nela a administração do Posto de Monta de Cambuquira, e, à mingua de defesa depecendo, quase em abandono, inutilizado o esforço realizado primitivamente pelo Dr.Rodolpho Lahmeyer, que o organizara em retiro aprazível, constituindo-se, além disso, em verdadeiro mostruário de flores e pomicultura.

Do Livro Cambuquira, ed. IBGE 1958, pág. 46.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Os brotos de abóbora ornamentam uma mensagem justa.

Clique sobre o quadro para ler toda mensagem.

JORGE NORONHA


LAMBARIS CONTRA TUBARÕES!...

Esse foi a "frase cliché" usada na campanha de Jorge Noronha, na primeira vez que entrou na disputa para prefeito de Cambuquira. O seu comitê foi montado no bairro da Lavra de onde se ouvia em alto e bom som o serviço de auto-falantes sob o comando de José Fonseca Filho e outros correlegionários.
Eu era bem pequeno mas não consegui ficar alheio aquela novidade na cidade carente de um meio de comunicação de massa. Pelo serviço sonoro executava-se um tipo de programa musical semelhante aos das "quermesses" do largo da Igreja Matriz.
A voz inconfundível e bem pronunciada do locutor principal contagiava o menino que neste tempo já morava no Bairro Carioca de onde se ouvia muito bem. Gostava daquela história de lambari contra tubarão sem entender talvez o real sentido da frase.
E, Jorge Noronha ganhou as eleições. No dia da apuração lá estava eu com meu pai, que torcia por aquele candidato, na porta da Prefeitura que naquela época se localizava perto do coreto, no local onde mais tarde também funcionou um clube que fora destruído por um incêndio.
Um grupo liderado por Inácio Prequeté deu a notícia do fim da apuração e a eleição de novo prefeito, um lambari. O outro candidato, se era mesmo um tubarão, não conheci.
Dizem que Sr.Jorge era um eterno apaixonado por Cambuquira. Quando tinha que viajar para ver sua filha que residia em Santos-SP, já pelos lados do Marimbeiro ele começava a suspirar prevendo a saudade que com certeza sentiria lá longe nas praias paulistas. Parente do primeiro prefeito da cidade, Raul Sá, ele foi um prefeito que sempre se preocupou com em preservar a beleza e a limpeza das ruas da cidade.

Acrescentando à sua história, um personagem não poderia ser esquecido. Foi o parente *José Dias da Silva que se empenhou para Jorge Noronha fosse candidato, um homem reservado e de poucas falas mas íntegro no caráter, o que falta a muitos políticos de hoje. O empenho de José Dias e o trabalho de José Fonseca foram essenciais para a sua eleição.

* José Dias da Silva era neto de Francisco Sebastião da Silva Lemes, meu tataravô.

MEU AVÔ ESTÊVÃO, PERSONAGEM DA HISTÓRIA DE CAMBUQUIRA.

Este personagem histórica não consta em nenhum livro e nem é nome de nenhum logradouro público. Não que ele deixasse de fazer jus a uma homenagem dessa natureza, mas muito mais pelo fato de que num passado bem próximo ainda era incomum dar esse tipo de honraria a pessoas mais simples. Estevão Horácio do Prado, avô do administrador deste blog, foi o patriarca de uma parte da Família Prado em nossa cidade. Casado com Maria do Carmo Rezende do Prado, conhecida na comunidade como "Dona Mariynha", faleceu cedo deixando viúva e oito filhos, que foram criados graças ao empenho de seu filho mais velho, Sebastião Evangelista do Prado que se tornou responsável pela criação de seus sete irmãos: Estevão de Paula, Vicente Beltrão, Judith Henriques, João Benedito, Maria Madalena, Ana Gertrudes e Manoel Amâncio. Filho de família de abastado senhor da família Prado, fruto do amor de dois adolescentes, foi registrado pelo avô e não recebeu do pai nenhuma atenção e amor. Fato esse, que o fez mais tarde abrir mão da sua parte na herança do pai, uma fazenda com mais de 270 alqueires de terras. Quando procurado pelos seus meio-irmãos para se apresentar junto ao Juiz para que se cumprisse a partilha, ele simplesmente disse que não ia tomar nada daqueles que já exploravam a terra e estavam acostumados com aquela vida que ele nem conhecia. Fez isso, dizia o seu filho mais velho, por ser adepto da "Ordem Terceira de São Francisco", cujo princípio é o desprendimento de todos os bens materiais. A família, a não ser o seu primogênito, nunca concordou com isso, já que a sua morte deixou D.Mariynha em situação financeira muito ruim, e naquele tempo não existia aposentadoria ou pensão, direito esse que ela só conseguiu já idosa, com o atendimento a pedido da família junto à Prefeitura Municipal. Esse senhor, pelo seu espírito de liderança e inteligência, logo que chegou à Cambuquira se tornou um ponto de referência junto à comunidade mais pobre. Quando chegou a então vila de São Sebastião de Cambuquira, com dois dos seus filhos mais velhos, não encontrou moradia na cidade que começava a se formar. Existiam já alguns hotéis e pousadas. Mas, tudo aquilo era muito caro para alguém acostumado na "lida do campo" com se dizia antigamente. Assim, junto com Mariynha e filhos rumou para zona rural e, com a autorização de um proprietário de fazendas, foi morar provisoriamente numa gruta na beira do Rio Lambari, ali permanecendo até que pudesse construir uma casinha cuja propriedade ainda hoje pertence está com um membro da família, o seu filho mais novo. O "Seu Estevão" como ficou conhecido era um homem alto, acima da média dos homens daquele tempo, que estimo ser mais ou menos de quase 1,90 m. Talvez, o seu tamanho e a sua inteligência e o espírito de comando o tenha facilitado as coisas e logo estaria trabalhando nas obras da cidade. Trabalhou na captação e montagem do abastecimento de água de Cambuquira, na construção do Aeroporto, ruas e praças que se formavam entre outras. Foi numa dessas obras, quando colocava os canos para levar água ao centro da cidade e hotéis que quase morreu. Um barranco desmoronou sobre ele o soterrando vivo. Os colegas de serviço o socorreram a tempo, mas aquilo lhe deixaria seqüelas e ele nunca mais teve a mesma saúde. Talvez seja esse o motivo de sua morte prematura. Os que o conheceram diziam que ele é dotado de muito conhecimento em plantas medicinais e por isso era muito procurado pela população. Religioso, ao lado de sua esposa sempre realizava terços e festas religiosas como "montar o presépio durante todos os fins de ano e mantê-los até o dia de Reis, quando então guardava tudo para novamente no próximo ano repetir aquele ritual". Esse costume foi conservado pela esposa que pedia aos netos para ajudá-la na coleta de "avencas, bambuzinho e areia branca”. Montado o altar,todas as noites durante o mês de Dezembro até o dia 6 de janeiro na sala da casa eram realizados terços em louvor ao “Menino Jesus”. Um fato curioso contado pela esposa, D. Mariynha e confirmado pelos filhos, foi o caso de uma "luzinha misteriosa" que na época da construção da rede de água na Serra do Piripau os teria seguido nas madrugas quando caminhava rumo à represa recém construída naquele lugar. Contam que numa madrugada daquelas a luz apareceu no horizonte. Durante algum tempo flutuava sobre as árvores, sempre seguindo o grupo de trabalhadores. A certa altura do caminho, um dos membros do grupo começou a provocar aquilo com palavras, gestos, etc. De repente, um objeto luminoso se investiu contra a fila de operários e como se os atravessasse ia até o que estava na frente e voltava até o último, repetindo isso por diversas vezes até desaparecer no meio do mato. Apavorados, ninguém teve forças nem para correr e ficaram paralisados ali mesmo. Passado o susto, com dores por todo corpo e uma dor de barriga que atacou todo mundo, ninguém pode trabalhar naquele dia. Assim, só restou para o grupo voltar para cidade, e se preparar para nova caminhada no outro dia, que com certeza não aconteceu mais no mesmo. Estevão também era um bom violeiro e ao lado de seu companheiro e parente o Sr. Domingos Carvalho originário da mesma região do Cervo (zona rural pertencente ao município de Campanha à cidade de Campanha naquela época) animavam as festas com as modinhas caipiras daquele tempo, além do “cateretê” e “desafios”, dom esse herdado por alguns dos seus netos, entre eles Tarcísio da Viola e Vinicius (bisneto). Sebastião Evangelista do Prado, seu filho, servidor municipal durante muitos anos ao lado de Geraldo de Brito Pimenta, foi homenageado com uma rua com o seu nome no Bairro de Fátima. Entre os descendentes do Sr. Estevão temos ainda vivos: Manoel Amâncio, Maria Madalena e Ana Gertrudes, mãe do administrador deste blog além de inúmeros netos, bisnetos e tataranetos. Com espírito pesquisador, ainda não tive a oportunidade de confirmar a sua origem que dizem estar na Família Prado da cidade de Paraguaçu, Sul de Minas, onde provavelmente existem descendentes de seus meio-irmãos, já que naquela cidade, como os Lemes em Cambuquira, esse “sobrenome” é muito comum.



Na foto ao lado, vemos D. Maria do Carmo Rezende do Prado, tendo à esquerda o seu neto Gilberto Lemes, administrador deste blog com os seus 8 anos mais ou menos, à direita o filho Manoel Amâncio do Prado tendo à sua frente os netos: Francisco Cesar, Nelson Nicolau, Antônio Fernando e Luiz Eduardo que não se intimidou com a máquina fotográfica e no exato momento fazia "xixi" ali mesmo (para que segurar? n'é?)

Autor: Gilberto Lemes, Administrador do Blog.


A gruta:

Neste último domingo 17/12/06 soube que a velha Gruta do Coimbra, que abrigara a família do meu avô paterno, não existe mais. Vitima da ação predadora do homem que desmatou a área, ela desmoronou e só não matou um grupo de pescadores que lá pernoitavam por que antes de cair aconteceu um "estalo" que os fez sair com medo de que acontecesse o que aconteceu.Eu, que não conheci o lugar perdi essa oportunidade.
Na foto ao lado: Cícero, filho de Manoel Prado, José Queijinho, Professora Suely e Nenê Cassimiro, antigo proprietário das terras onde existia uma das grutas.


Cícero, Suely e Nenê Cassimiro dentro de uma das grutas históricas da cidade.


A professora Suely Lindalva Vilhena, historiadora, nessa época fazia pesquisas sobre Cambuquira, base para um livro que lançou mais tarde.
Este nosso blog tem a mesma direção nesse diário virtual onde tenta-se resgatar um pouco da nossa história, personagens, famílias e fatos ligados ao passado de nossa terra e de nossos antepassados..

Nota:

Cateretê:
É uma das danças mais genuinamente brasileira. É de origem indígena, tal qual o seu próprio nome, tirado da língua Tupi. É uma espécie de sapateado brasileiro executado com "bate-pé" ao som de palmas e violas. Tanto é exercitado somente por homens, como também por um conjunto de mulheres. O Cateretê é conhecido e praticado, largamente, no interior do Brasil, especialmente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e, também, em menor escala, no Nordeste. Em Goiás é denominado "Catira". Nota: Se alguém tiver mais dados sobre essa história, personagens e fatos, correções ou acréscimos, que nos comunique, via “comentários”.


Nota: As fotos da Gruta nos foram enviadas via e-mail pela Professora Suely Lindalva F. de Vilhena.

Dos bons tempos quando tínhamos futebol.

ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA CAMBUQUIRENSE (anos 50)


Foto- 09 time (associação atlético cambuquirese) 1954 - EM PÉ: Sr. Amazonas-chefe de obras da prefeitura- Sr. Japones-pai do avilbar- (técnico e auxiliar técnico) JOGADORES;em pé: Pedro Camelo, goleiro mão de onça,Antonio Vitor Rocha irmão do Manoel rocha,João banana,Zé do Donga meu pai e orlando.
agachados; começando na frente do sr.Japones Zézé Poderoso, Fusca pai da Dora do Giovanni, Vitor filho do Zé nenem, Vau pai do Demerval da prefeitura e Neneco filho do Juca Eugênio
Associação com Sotero faria de castilho ( DONGA)e de vestido branco em pé Zé do Donga (ex-fiscal municipal e pai de Helma Ferroni.
Essa foto foi de um evento comemorativo quando os homens vestiram de mulhere e jogaram contra mulheres vestidas de homens.(se foi esse evento, ele aconteceu nos anos 60, quando estudante do ginásio, assisti o "jogo" e dei muitas risadas quando Sr. Benedito Ferreira, o Juiz de Paz da cidade,como goleiro defendia com uma vassoura. Deve ter sido muito engraçado.

(fotos do acervo de Zé do Donga)




Nessa foto vinda do passado, de quando a cidade tinha o seus bons craques de futebol vem essa lembrança. Não é de boa qualidade.Mas, os que conheceram identificaram da direita para esquerda: Ladislau Pereira, Manoel de Liz Costa (Neneco), Sebastianzão, ......, Pierrotti, .........
Abaixo: o jogador deitado seria um irmão de Eufrásio Silva, atrás dele, o segundo, João Banana.....
Dizem que o da ponta seria irmão do Mariano Rocha...
E Quem puder que nos forneça mais nomes.
Procurei Neneco para que me identificasse os demais companheiros, mas ele não estava em casa. Tinha ido assistir a reinauguração do campo de futebol cuja reconstrução começou no governo Pudim, passou por Panone e agora ganhou grama e uma praça (aliás sem significado onde deveria existir uma arquibancada) com estátuas de figuras ilustres da cidade que não me disseram de quem são.
Desde a destruição daquela arena de futebol no começo do governo Pudim, já se passaram quase 12 anos que Cambuquira ficou sem Futebol. Nesse período, muitos daqueles que poderiam ter se tornado craques do esporte bretão, nem aprenderam a chutar uma bola.
Neneco, um dos maiores incentivadores dos times da cidade, dos tempos da Associação Atlética, do Leão do Sul e JAG, deve ter tido muita emoção em ver novamente a bola rolar naquele espaço onde ele chegou a fazer muitos gols.
Espero que essa "reinauguração" seja o ponta-a-pé inicial para uma nova etapa no esporte da cidade e se torne apenas um evento de ano de eleições
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Esta foto nos foi enviada por Irene Lemes Pereira, viúva do craque Ladislau (acima à direita)

PERSONAGENS DA NOSSA HISTÓRIA

Manoel Almeida Santos, o Neco da Jardineira. Manoel Almeida Santos, filho de Antônio Almeida (Santos) e Maria Gertrudes dos Reis (a Mariquinha) foi casado com Maria Aparecida [Almeida] filha de Antônio da Silva Passos e Amélia (ou Amália) da Silva Lemes. Com sua esposa, teve 4 filhos: Aldair Almeida, Maria Amélia Almeida, Manoel Almeida Filho e Antônio José Almeida Santos. Fora do casamento, teve 3 filhos noticiados, e outros tantos que "o povo diz" mas ninguém sabe quem são...Foi alfaiate (junto com seu irmão Antônio "Japão" Almeida) e padeiro quando jovem,, e depois de casado, comprou um caminhão.
Com esse caminhão ele fazia transporte, principalmente de gasolina, que buscava em tambores em Cruzeiro e trazia para abastecer Cambuquira, Três Corações e região. Certa vez, encheu o caminhão de rapadura (pego em um engenho perto da ponte do Rio Verde) e foi vender no Nordeste! Ou ele tinha outros interesses por lá, ou foi muito mal orientado... o fato é que obviamente não conseguiu vender nada, e ainda perdeu toda a mercadoria que melou... Com uma mão na frente e outra atrás, ele voltou para Cambuquira.Se recompôs, vendeu o caminhão e comprou uma jardineira em algum ano entre 1945 e 1947.
Comprou também a concessão da linha Cambuquira – Caxambu via Conceição do Rio Verde. Nos primeiros anos, o negócio foi muito bem. Rapidamente Neco comprou mais 3 jardineiras, todas no Rio de Janeiro, de 2a mão, através de companhias de transporte que estavam trocando seus ônibus. Neco então as reformava e colocava para fazer a linha Cambuquira – Caxambu. Neco dirigia a jardineira principal. Como trocador, Manoel “Boca de Peixe” nos dias regulares, e seu filho, Manoel Almeida filho (o Nequinho) nos feriados e fins de semana. Esse arranjo foi até 1950, quando Nequinho foi estudar em Lavras. Ai o arranjo passou a ser que quando o Nequinho vinha de Lavras em julho e em dezembro, Manoel "boca de peixe" tirava suas férias e Nequinho assumia a função de trocador.Nequinho conta que na época ele era magrinho, franzino mesmo, e tinha muita dificuldade em ajudar o pai com as bagagens que eram colocadas na parte superior do ônibus. Com vergonha de admitir fraqueza, ao ser acordado de manhã para ir trabalhar, sempre dizia que como tinha ainda que tomar café e escovar dentes, então era pro pai ir na frente, que ele, Nequinho, iria direto para a saída da cidade encontrar o pai. Assim, quando Manoel Filho chegava, as malas já estavam no bagageiro e era só receber as passagens e dar o troco... Não havia rodoviária na época. A jardineira ficava parada em frente ao que hoje é a “Quitanda do Douglas” (ali era uma garagem, continuação do posto de gasolina). Dali seguia via Rua Direita até o parque.. Nequinho apanhava o ônibus na saída de Cambuquira onde hoje é a Figueira. Existe um quadro de Jonas Lemes que retrata uma cena justo nesse local, onde ao longe se vê um grupo de pessoas, incluindo um menino. Nequinho sempre gostou de pensar que o menino podia até ser ele, registrado num dos muitos dias em que esperava a Jardineira do pai... Depois a Jardineira seguia direto para Caxambu, parando a toda hora para deixar e pegar passageiros nas roças do caminho. Neco era um personagem conhecido em Cambuquira e em Caxambu. Levava sempre com ele um garrafão de vidro empalhado cheio de água de Cambuquira e almoçava num restaurante em Caxambu chamado Rancho das Acácias. Quando chegava lá sempre procurava o lugar mais cheio no restaurante (normalmente veranistas), só para fazer a cena: pegava o garrafão e enchia os copos de água de quem estava com ele e dizia bem alto: “Estou bebendo água de Cambuquira porque a de Caxambu faz homem virar bicha!”O povo ficava olhando pros copos d'água que estavam bebendo e depois pro Neco.... E o Neco completava: “Quem quiser prova, é só procurar o Ivon Cury! (*)” Depois de algum tempo, ninguém estranhava mais, e quando ele chegava no restaurante, já ficavam esperando pela cena do garrafão! Mas o tempo, as pessoas pararam de pagar a passagem em dinheiro. Pegavam o ônibus na promessa de pagarem em espécie. A mesa de Manoel Almeida Santos ficou então farta: ovos, verduras, galinhas, outros pequenos animais; enfim, o que comer não faltava. Faltava sim dinheiro vivo, para pagar a gasolina e as peças de reposição das jardineiras, já que ninguém queria comprar as galinhas e outros víveres que Manoel tinha de sobra, nem aceitar como forma de pagamento. O posto, a garagem e a loja de peças automotivas eram um único negócio, pertencente a, se não nos falha a memória, Oscar Marques. A loja de peças era onde hoje é o mercado Valle na Rua Direita (e ali trabalhava Armando Almeida, irmão do Neco), a garagem onde é a Quitanda do Douglas e o posto bem na esquina, ligando os dois anteriores. E como se tratava de um negócio, ele também precisava receber em dinheiro. Não demorou muito para que Neco tivesse sua dívida protestada por Oscar e tivesse que vender as jardineiras.Ficou apenas uma jardineira, mas essa também não durou muito. Na época, muitos turistas chegavam em Cambuquira vindos de avião, mas o caminho da cidade até o campo de aterrissagem e vice-versa envolvia uma subida muito íngreme e ninguém gostava de fazer esse percurso. Manoel Almeida fazia, e foram diversos motores fundidos no processo, necessitando de mais peças de reposição, acumulando mais dívidas... A última jardineira foi então vendida, e Neco Almeida comprou, em sociedade com Fernando Ricardo (na época genro, casado com Aldair Almeida, hoje já falecido [2007] ) um sítio em Brasília, onde plantou arroz. Mas Neco definitivamente não tinha sorte com os negócios, e depois da primeira colheita já feita e ensacada, acordou um belo dia e encontrou o depósito vazio: ele havia sido roubado pelos próprios funcionários. Estava em vias de voltar para Cambuquira, uma vez que havia ficado sabendo que a linha Cambuquira – Caxambu ainda estava em seu nome, e tinha a esperança de comprar a Jardineira de volta e retomar o negócio de transporte coletivo... Mas decidiu antes de voltar por operar sua vesícula, mais ou menos em 1967, já que sentia muitas dores principalmente ao dirigir, e se pretendia voltar a dirigir regularmente, isso seria um problema.Morreu logo após operar a vesícula, por infecção hospitalar, em Brasília, DF, sem ter podido voltar a sua terra natal.
Essa pode parecer uma história triste, de alguém muito azarado nos negócios, que morreu "antes da hora", e coisas assim. Mas não é. Neco Almeida era, como podem ver pela história do garrafão, um sujeito bem humorado, brincalhão, e com todos seus eventuais defeitos, alguém de bom coração. E as recompensas podem chegar "atrasadas" mas sempre chegam! No começo de 2006, um senhor abordou Nequinho Almeida, que estava na janela de sua casa (construída onde antes era a casa de Neco Almeida), poucos dias depois de Nequinho estar de volta vindo do Rio de Janeiro para morar em Cambuquira, perguntando de poderiam conversar. Nequinho disse “Pode falar!”, mas o senhor insistiu que ele fosse até lá fora, pois gostaria de falar de perto. Sem entender o motivo, Nequinho desceu.O senhor então disse que estava lá para agradecer, e contou sua história, que mais ou menos reproduzo abaixo: "__O senhor não se lembra de mim, mas eu me lembro do senhor. O senhor trabalhava ajudando seu pai como trocador, não é?Quando seu pai era vivo, não tive oportunidade de agradece-lo. Quando vim morar em Cambuquira, vim até aqui para isso, mas ele tinha ido para Brasília, e soube que faleceu por lá. Soube que sua viúva voltou a morar nessa casa, e depois o político (Antônio Almeida, irmão de Nequinho Almeida), mas eu não os conhecia e fiquei sem graça de vir até aqui. Então soube que a casa agora era sua, então vim.Quando eu era jovem, eu morava em Cruzília e minha mãe em Cambuquira. Minha mãe ficou muito doente e eu não tinha dinheiro, então todos os dias, eu ia a pé de Cruzilia até Caxambu de tardinha, e de lá seu pai me levava de graça até Cambuquira, e depois, no dia seguinte, me levava de volta até Caxambu, de onde eu ia para Cruzilia. Assim eu pude dar assistência à minha mãe, cuidar dela à noite quando não havia outra pessoa que pudesse estar com ela, e principalmente estar com ela quando ela faleceu. Seu pai nunca me cobrou um tostão. Eu sempre falava que quando eu pudesse mandaria pagamento, mas infelizmente, nunca pude. Mas eu precisava pelo menos agradecer. Eu não iria ficar tranqüilo sabendo que nunca o agradeci propriamente por isso, então agradeço a ele através do senhor." "Meu pai, em lágrimas, ficou atônito e sem reação. O cidadão apertou efusivamente a mão de meu pai, e foi embora, sem dizer seu nome ou onde morava. E de repente todos aqueles anos de falta de dinheiro e excesso de comida fizeram sentido e ganharam um contexto.
Manoel Almeida, o Neco da Jardineira, podia não ter sorte nos negócios. Podia ter muitas galinhas no quintal e nenhum dinheiro no bolso. Podia ser mulherengo que só ele. E brincalhão às vezes a ponto de parecer rude aos que não o conheciam direito e interpretavam errado suas brincadeiras. Mas fez diferença na vida das pessoas, e é só para isso que estamos nesse mundo, não? Para fazer a diferença. E ele certamente o fez...




Nota:(*) Ivon Cury, ator, comediante e cantor da época, era natural de Caxambu. E, muito gozador representa os tipos com trejeitos que lembravam os "afeminados", embora não o fosse. E, o argumento de Neco era para atrair mais turistas para Cambuquira naqueles tempos de competição saudável entre as estâncias.

PERSONAGENS DA NOSSA HISTÓRIA - Texto (reeditado) de Adriana Almeida.

domingo, 25 de maio de 2008

DR MANOEL BRANDÃO, o verdadeiro médico de família.

Dr. manoel Brandão foi o verdadeiro modelo do médico de família. Depois dele nunca mais houve em Cambuquira alguém que militasse da mesma forma, sem visar lucros ou riqueza, quanto mais poder ou louros políticos.
As pessoas mais idosas da cidade que o conheceram dizem que realmente foi um fiel representante dos mandamentos hipocráticos. Durante a maior parte de sua atuação como clínico geral na cidade não fez fortuna como os colegas de hoje. Fazia aquilo por amor, principalmente por amor ao ser humano indistintamente.

Qualquer que fosse o paciente, lá estava Dr. Manoel à beira do leito. Às vezes virava a noite. Podia ser na cidade, na roça ou no hospital, obra de que ele fora mentor e concretizador. Na família Lemes, objeto de minha pesquisa com postagens no blog "silvalemes", confirma essa sua dedicação: "por ocasião da enfermidade de José Lifonso, ele passou a noite inteira ao lado do seu paciente, amanhecendo lá na roça longe do conforto do seu lar.

Numa determinada fase de sua vida, talvez pressionado pelas familiares, planejou ir embora. Pois,até aquele momento não tinha nem a sua casa própria e residia numa casa de propriedade do Estado. Tentou comprar um terreno na av. João de Brito Pimenta para construir a sua tão sonhada casa e não conseguiu.
Sabendo do seu projeto de se mudar de Cambuquira, líderes da comunidade se empenharam e conseguiram comprar o terreno desejado presenteando-o ao nosso maior cambuquirense. Depois disso, empenharam-se na construção do prédio de acordo com as necessidades daquele nobre médico. E, foi assim que aquele menino que viera para nossa cidade aos três anos de idade não conseguir mais deixar a terra que ele adotou e que também o efetivou como filho.
Uma das coisas interessantes dessa história é que apesar de clinicar literalmente de graça, ou às vezes tendo como honorários até "saca de milho", quando competia com o adversário(não inimigo!) André Bacha, Manoel Brandão perdia. A máxima era que Dr. Manoel dava a consulta e André dava p remédio, por isso ganhava do médico.

DESASTRE AÉREO EM CAMBUQUIRA - 1944

Antes desse acidente, conta Alaor Ribeiro na coluna Opinião do JM Oline, que o Tenente Douglas e o co-piloto mortos em Cambuquira, já haviam aprontado algumas outras proezas no Rio de Janeiro. A morte em nossa cidade aconteceu por causa de "um rabo de saia", como se dizia naquela época.

O Brasil tinha entrado na segunda guerra mundial e por causa disso, o governo do Presidente Getúlio Vargas, até mais para fazer uma propaganda do seu governo, determinou que a Força Aérea fizesse manobras entre a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar com três monomotores NA numa operação que ficou conhecida como “Senta a Pua”.

Assim, os pilotos ganharam notoriedade e como os atuais galãs de novela provocavam suspiros das donzelas “Filhas de Maria.” Para cortejá-las o piloto desfilava com suas vestes militares do cargo composta de jaqueta de couro argentino. E, para impressioná-las ainda mais faziam rasantes sobre as casas, a igreja e até nos hotéis das Estâncias visitadas por moças da alta sociedade carioca.

Como um padre e um bispo talvez tivessem feito algum comentário contra a atitude dos pilotos, Tenente Douglas, talvez para hostilizar o bispo que era de origem alemã, embora brasileiro de Santa Catarina, e o padre Monsenhor Mesquita, tentavam arrancar o “galo da torre da Igreja das Dores”, fazendo com que esse indicado de vento rodopiasse, mas não caia. Era um doido varrido, que pelo que consta fazia a cabeça dos outros colegas que o acompanhavam nas suas artes.

Num desses treinamentos na Serra da Mantiqueira, resolveu chegar até Cambuquira para fazer suas piruetas para namoradinha que estava no Hotel Globo. Depois de alguns rasantes sobre a cidade resolveu passar perto do hotel, com se comenta em Cambuquira, para jogar um bilhetinho para uma das namoradinhas que ele havia conquistado com aquela fama de piloto.

Conforme nos contaram, a última de suas rasantes notou que o avião não conseguiria “arremeter” e antevendo o próprio fim desligaram o motor e se encostaram com os olhos cerrados (conforme ainda pode ver uma das moradoras de uma casa mais alta da rua do grupo) para explodir no meio da rua entre o Hotel Globo e a venda de Mário Penido, um comerciante local. A explosão provocou um enorme estrondo levantando poeira por toda área central da cidade.
Nessa queda uma das asas ainda arrancou uma menina,uma das filhas do proprietário do prédio, da área de sua casa jogando-a do outro lado da rua. Outra moça, Geralda (D.Geralda do Jocílio), salvo engano, recebeu um tijolo no peito retirado pelo impacto do prédio da referida venda e também quase morreu.
João Gato (João Noronha)* que havia voltado da Guerra onde trabalhou como enfermeiro no “front” tinha uma barraca de frutas e vendo aquele avião em rasante ainda teve tempo de correr e assistir a queda sobre suas frutas. Ele que havia se salvado das balas dos alemães se livrou mais uma vez da morte naquele dia.

Pelo menos, no último instante de vida, Tenente Douglas ainda teve um espírito de responsabilidade, desviando o avião para o meio da rua e desligando o motor. Caso contrário o desastre seria maior, pois os hotéis estavam repletos de turistas que naquela época de férias lotavam as estâncias. Mesmo assim, foi uma coisa pavorosa. Sangue,gasolina e óleo se espalhou pelo rua. No resgate dos corpos só se tirou migalhas humanas no meio dos destroços perante uma multidão de curiosos.

Quem tiver mais detalhes sobre esse acidente, e que queira contribuir com a história da cidade, favor nos mandar um e-mail para: gilberto.lems@gmail.com

*João Noronha tinha o apelido de João Gato por ter sido um ótimo goleiro no time da cidade.